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Frio intenso e até geadas podem ser bons para a lavoura de soja

Frio intenso, geadas e neve atuam como pesticidas naturais e evitam contaminações no solo e plantas invasoras

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Canva/Direitos Adquiridos

As ocorrências de ondas de frio muito intenso e geadas normalmente provocam estragos nas lavouras, fazendo a produção cair, já que os alimentos no campo ficam ‘queimados’, pequenos ou não se desenvolvem. Isso ocorre normalmente em plantações de legumes, frutas e verduras. No entanto, para alguns cultivos, como a soja, as baixas temperaturas podem ser muito benéficas. Saiba quando o frio intenso e até geadas podem beneficiar uma lavoura e por que isso acontece.

Em casos de lavouras de soja, a geada e as baixíssimas temperaturas podem agir como um “pesticida” natural, já que elas são responsáveis por matar algumas plantas e pragas. Segundo os pesquisadores da DigiFarmz, Leonardo Furlani e Victor Balsan Costa, um dos principais impactos positivos da geada é a morte de plantas de soja voluntárias, também conhecidas como soja “tiguera ou guaxa”. Elas podem servir de hospedeira para diversas pragas e doenças, funcionando como uma “ponte verde” que pode comprometer de imediato a sanidade da próxima safra. Uma das doenças de maior dano econômico que podem se aproveitar da soja voluntária, é a ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.

A ferrugem asiática é uma praga tão prejudicial às lavouras de soja que as autoridades sanitárias definiram até o período do vazio sanitário para evitar a proliferação do agente causador. As geadas e a neve, em países do hemisfério norte, por exemplo, ajudam na sanidade do solo e na necessidade do uso de pesticidas, ao contrário do que ocorre nos países localizados no hemisfério sul, com mais calor e umidade.

O pesquisador Furlani destaca que a ocorrência de geadas neste ano, especialmente na região Sul, fez com que grande parte das plantas voluntárias de soja fossem naturalmente eliminadas, interrompendo o ciclo do fungo da ferrugem, reduzindo a presença do inóculo primário e podendo reduzir a pressão inicial de infecção na safra seguinte.

“Neste ano, na base de pesquisa da DigiFarmz de Passo Fundo, em parceria com a Diplan Soluções Agrícolas, foram registradas temperaturas inferiores a -2ºC e presença de geada em diversos dias, onde as plantas de soja remanescentes nas áreas da região reduziram drasticamente a sua população”, complementa.

Segundo ele, no Paraguai, a situação é semelhante em algumas regiões, principalmente ao sul, onde ocorreram temperaturas baixas e registros de geada. Mas, mesmo com a presença da geada, os produtores devem respeitar o período do vazio sanitário, alertam. “Destaca-se também, que mesmo com a possível redução do inóculo inicial de ferrugem pela ajuda climática, é importante ainda manter um manejo integrado de doenças, utilizando programas robustos de fungicidas, levando em consideração a sensibilidade à doenças de cada cultivar de soja, posicionando de forma preventiva e preferencialmente com protetores multissítios em todas as aplicações para a safra 2024/25”, diz.

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