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Fim de safra? Conheça a origem dos pratos típicos das festas juninas

Alimentos feitos com milho são abundantes nas festas e remetem ao fim da safra de milho no Brasil

Fim de safra? Conheça a origem dos pratos típicos das festas juninas
Divulgação

A colheita da safra 2023/2024 de soja e milho no Brasil foi oficialmente encerrada nesta terça-feira (18) em todo o Brasil. Agora, os agricultores começam a se preparar para a próxima safra, que na maior parte do país, começa em setembro. É tempo de preparar o solo, cumprir o vazio sanitário e torcer, pedir aos ‘santos’ que o clima ajude uma boa produção na próxima temporada. Essa seria, inclusive a origem das festas juninas, festividades que ocorrem em todo o país no meio do ano. Com o fim da safra – e a abundância de alguns alimentos – os produtores comemoram a boa colheita e pedem boas vibrações para a próxima.

Canjica, munguzá, pé-de-moleque e pamonha. As comidas típicas são uma das principais atrações dos festejos juninos. Você sabe como surgiram esses quitutes?

A diversidade de pratos e suas várias maneiras de preparo carregam consigo um pouco da história do Brasil, da miscigenação das culturas indígena, africana e europeia. Alguns dos principais ingredientes das receitas são o milho, o amendoim, o arroz, a abóbora e a mandioca.

O historiador Rafael Gonçalves explica que esses alimentos não foram escolhidos à toa. “A festa junina tem essa origem europeia e foi transplantada para o Brasil pelos portugueses ainda durante o período colonial, mas tem aqui uma grande aderência, principalmente no caso do milho, né? Interessante a gente pensar que a safra dele, a colheita, principalmente no Nordeste, que era o centro do Brasil colonial, e por isso vai ter uma influência muito grande dessa cultura portuguesa, dessa cultura europeia, ele era colhido justamente em junho, o tempo de São João”, disse Gonçalves à Rede Nacional.

A tradição das comidas de milho, além da culinária colonial, também tem ligação com os povos originários da América, que ajudaram não só a popularizar o cultivo, mas também as formas de beneficiamento. O Brasil é hoje um dos maiores produtores de milho.

A abundância do grão se reflete na variedade de receitas durante os festejos de junho. Receitas que, ao longo dos séculos, e dependendo da região do Brasil, foram ganhando novos ingredientes, outros nomes e diferentes maneiras de serem produzidas.

Regina Tchelly, empreendedora social e fundadora do projeto Favela Orgânica, no Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira, na zona sul do Rio de Janeiro, conta que a variedade de pratos produzidos nos arraiás reflete a acolhida de pessoas vindas de várias partes do Brasil. Segundo ela, há uma união da tradição e inovação na cozinha que celebra os santos juninos. “O Brasil inteiro tá aqui, né? Mineiro, tem bastante comida mineira. Tem muito baião de dois, que é do Nordeste. No mês junino aqui, tem muito cuscuz doce, que é uma tradição aqui do Rio de Janeiro, que eu não conhecia. Tem muito bolo de milho. Estou também percebendo que cada vez mais, com o alimento mais caro, as pessoas estão aprendendo a aproveitar melhor os alimentos", relata.

Canjica e munguzá são praticamente o mesmo alimento, mas eles ganharam nomes diferentes devido a influências regionais. É um alimento derivado de milho, de variedade branca. Na região nordeste, é chamado de mungunzá e na região sudeste, é canjica. Já na região Nordeste, canjica é o curau dos sudestinos.

A pamonha é de origem indígena, cujo nome deriva do tupi pamunã e este alimento ganhou notoriedade, principalmente na culinária goiana (não precisa ser festa junina para a pamonha ser um sucesso em Goiás) e isso se deve à força da cultura rural no estado. A culinarista Telma Macho explica que antigamente, a pamonha era feita somente nas fazendas. ““Com o tempo, ela passou a ser vendida nas cidades, de porta em porta ou nos tradicionais carros com alto-falante”. Telma diz que a comercialização em paradas à beira de estrada e em pamonharias”. 

O doce pé de moleque também é típico das festas juninas, e ele é feito a partir da mistura de amendoim torrado com rapadura. O doce surgiu em meados do Século XVI, com a chegada da cana-de-açúcar no Brasil. A variação do pé-de-moleque é o pé de moça, receita que acrescenta leite ao amendoim e rapadura e o deixa mais delicado.

E tudo isso é regado a muito quentão, bebida típica dos arraiás, que leva gengibre, açúcar e pinta. E quer saber? Junho é o ápice da colheita do gengibre no Brasil. Veja o vídeo.

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