Consumir extrato aquoso de própolis pode ser bom para combater zika, chikungunya e mayaro

Pesquisa do Instituto Butantan testou própolis produzido por abelhas nativas sem ferrão de uma colônia no Maranhão

Consumir extrato aquoso de própolis pode ser bom para combater zika, chikungunya e mayaro
Abelhas
Reprodução/Canva

Uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto Butantan, em São Paulo, constatou que o extrato aquoso de própolis é capaz de combater a replicação dos vírus zika, chikungunya e mayaro

Os três patógenos são transmitidos pela picada de mosquitos que circulam no Brasil e causam doenças infecciosas (arboviroses) para as quais ainda não existem vacina nem tratamento específico disponível, o que motiva a busca por compostos com potencial antiviral. O extrato foi testado in vitro e reduziu significativamente a carga viral dos três vírus.

Os resultados do estudo do Butantan foram publicados na revista Scientific Reports e não é a primeira vez que o instituto investiga o potencial antiviral e antibacteriano de própolis. 

Um estudo anterior , feito com extrato hidroalcoólico da substância, já havia indicado intensa atividade contra os vírus herpes, influenza e rubéola. A partir dos primeiros resultados, os cientistas decidiram avaliar se o extrato aquoso teria a mesma atividade em outros tipos de vírus também importantes do ponto de vista de saúde pública no país.

De acordo com a agência Fapesp, o grupo utilizou a própolis produzida por abelhas nativas sem ferrão scaptotrigona aff postica, originadas de uma colônia na região de Barra do Corda, no Maranhão. A própolis foi obtida por meio da raspagem da caixa de meliponicultura, formando uma pasta. Esse material foi transportado e congelado a -20°C, formando uma pedra de própolis congelada.

A pedra foi macerada manualmente até se tornar um material granulado, que foi passado em peneiras. Em seguida, o produto foi moído de forma a se transformar num composto ainda mais fino, para novamente passar por peneiras granulométricas e se transformar em pó.

Por fim, os pesquisadores adicionaram água ultrapurificada ao pó e o material foi centrifugado por 30 minutos para haver a separação da cera do meio líquido, que foi filtrado e o produto foi considerado 100% purificado.

Para determinar a ação antiviral do extrato de própolis, os pesquisadores infectaram células VERO (linhagem originária de rim de macaco, muito usada nesse tipo de estudo), que foram cultivadas a 37 °C em microplacas. O crescimento e a morfologia dessas células foram monitorados pela equipe diariamente.

“A gente contaminou as culturas com os três vírus em questão e aplicamos somente uma vez a substância que queríamos analisar, na proporção de 10% de volume. A partir de então, fomos diminuindo a quantidade dessa solução para ver qual quantidade impediria o vírus de se multiplicar”, explicou Silva Júnior. Os pesquisadores observaram que o extrato aquoso de própolis purificado promoveu uma redução de 16 vezes na carga viral do zika e de 32 vezes na do vírus mayaro. No caso do chikungunya, a redução foi ainda mais significativa, de 512 vezes.

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