O ex-ministro da agricultura e professor da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes, na manhã desta quarta-feira (12) para falar sobre a polêmica em torno dos leilões e a importação de arroz sem tributos. Rodrigues foi enfático: “o governo não precisava importar arroz, isso seria papel do setor privado, como já acontece todos os anos”.
“Todas as entidades do Rio Grande do Sul ligadas à cadeia produtiva do arroz declararam com tranquilidade que não faltará a rua do Brasil por duas razões: primeiro, porque temos uma safra de maior que as anteriores, tem um adicional de oferta. Segundo, porque quando a tragédia atingiu o Rio Grande do Sul, mais de 80% já tinha sido colhido”, declarou. “Poderia ter ocorrido uma circunstância logística que fizesse faltar arroz, um dia, dois dias, mas não é o caso. Não faltará arroz no Brasil”.
O ex-ministro reafirmou que, em caso de importações, seria o setor privado o responsável e não o governo. “O setor privado, todo ano, importa arroz”.
Mais preocupante que a forma como o leilão foi feito, Rodrigues destaca o problema de o governo comprar e colocar no mercado um produto subsidiado, que afeta a competitividade do produtor e neste momento, o que o governo deveria fazer é apoiar os setores afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. “Os produtores rurais deveriam ser apoiados e não terem o governo concorrendo com eles neste momento”.
Questionado sobre os preços do arroz no Brasil, Rodrigues explicou que os valores dependem da relação oferta e demanda. “Quando a oferta é menor que a demanda, em qualquer atividade, o preço sobe”. De acordo com ele, o que houve agora é que oferta estava equilibrada, mas o segmento foi perturbado com notícias sobre as inundações no Rio Grande do Sul.
Rodrigues considera que o governo “tem feito algumas trapalhadas” em relação ao leilão do arroz, à MP do fim do mundo e ainda, à questão das terras indígenas (marco temporal). ‘Tem havido uma sensação de que há uma má vontade com o produtor rural brasileiro, mas só está faltando diálogo, dos dois lados”.