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Estresse hídrico atingiu 90% das cidades de Mato Grosso do Sul e prejudicou safrinha de milho

Em mais de 50 cidades, lavouras tiveram produtividades abaixo da média por causa do clima, aponta Aprosoja-MS

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Geraldo Carneiro/Embrapa

Os produtores rurais de Mato Grosso do Sul plantaram, na safra 2023/2024, em torno de 2 milhões de hectares de milho na safrinha e a produção chegou a 8 milhões de toneladas, com produtividade média de 67 sacas por hectare. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (24) pela Aprosoja/MS, que conduz o projeto SigaMS. Porém, em mais de 50 cidades, as produtividades foram mais baixas devido ao clima.

“Mais de 50 cidades de Mato Grosso do Sul produziram abaixo da média. A situação do produtor rural que já não era das melhores com a primeira safra 2023/2024, se agravou com a safra de milho. Muitos agricultores solicitaram renegociação das dívidas com os bancos para que pudessem ter fôlego para a primeira safra 2024/2025”, diz o presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc.

De acordo com o relatório, a região norte, que inclui as cidades de Alcinópolis, Aparecida do Taboado, Costa Rica e Chapadão do Sul, foi a que apresentou a maior produtividade. A média ponderada na região foi de 110,64 sacas por hectare, que representa aproximadamente 10,6% da área monitorada pelo projeto SIGA-MS; na região central, a média ponderada foi de  67,3 sacas por hectare, o que corresponde a cerca de 20,9% da área acompanhada pelo SIGA-MS; e 60,22 sacas por hectare na região sul, que abrange aproximadamente 68,5% da área de cultivo monitorada pelo projeto.

O clima foi decisivo para a queda na produtividade das lavouras. O estresse hídrico impactou mais de 800 mil hectares no Estado, e fez com que Mato Grosso do Sul registrasse a 3ª pior produtividade dos últimos 10 anos. 

 “A queda de potencial foi causada pelo estresse hídrico nas principais regiões produtoras do estado, como o centro e o sul, que juntas representam 89,4% da área de milho na 2ª safra. Nessas regiões, houve municípios que produziram entre 0 e 86,9 sacas por hectare. Ao analisar os municípios dessas áreas, observa-se que o tamanho da área influencia negativamente a produtividade. Municípios-chave como Dourados e Ponta Porã, que representam 8% da área cada um, apresentaram uma média entre 57 e 62,1 sacas por hectare. Em contraste, os municípios de Rio Brilhante, Sidrolândia e Maracaju, que juntos representam 26% da área, mostraram uma produtividade média mais elevada, variando entre 71 e 86,9 sacas por hectare”, explica o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta.

Houve uma drástica redução na produção do milho 2ª safra 2023/2024 em Mato Grosso do Sul. Os produtores iniciaram a semeadura em janeiro de 2024, terminaram em maio, três semanas após o ciclo anterior. A baixa pluviometria entre janeiro e julho resultou em uma significativa redução do potencial produtivo, afetando os períodos fenológicos mais suscetíveis ao estresse hídrico.

“A produtividade média de 67,05 sacas por hectare impacta diretamente o fluxo de caixa dos produtores, dificultando investimentos em suas propriedades e a manutenção da sustentabilidade no cultivo. Ao cruzar os dados do custo de produção no estado, que é de 122 sacas por hectare para cobrir todas as despesas, fica claro que o produtor que iniciou o plantio do milho como abertura para a área de soja está totalmente descapitalizado com essa média. Por outro lado, o produtor que plantou soja na safra 2023/2024 contou com o amortecimento dos custos, especialmente com fertilidade, resultando em um custo de 89,72 sacas por hectare, ainda assim alto para a média estadual”, finaliza Michelc.

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