No último fim de semana, frigoríficos brasileiros como JBS, Marfrig e Masterboi suspenderam o fornecimento de carne às lojas da rede Carrefour e das lojas do Atacadão e Sam’s Club, que também pertencem ao grupo, no Brasil. A decisão foi uma reação às declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, na última quarta-feira (20).
O executivo global do grupo disse que as lojas do Carrefour localizadas na França não iriam mais vender carnes produzidas pelos países do Mercosul, sobretudo do Brasil, Uruguai e Argentina, como forma de apoio ao agronegócio local, que protesta contra o Acordo Comercial União Europeia e Mercosul. Bompard reforçou que a medida ia valer só para a França.
As instituições que representam os setores produtores e exportadores de produtos agropecuários no Brasil reagiram à declaração com manifestações públicas de repúdio às declarações. Posteriormente, deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro também se manifestaram. Juntos, os representantes do agro endossaram o discurso de que “se [a carne brasileira] não serve para as lojas do Carrefour na França, não servem para nenhum outro país onde a grupo tem lojas”. Na manifestação, as instituições destacaram o reconhecimento internacional da carne brasileira pelos seus padrões de qualidade e segurança alimentar e reforçaram que medidas para ‘manter a soberania’ do Brasil serão prioridade até que Bompard e o Grupo Carrefour faça uma retratação formal ao Brasil.
Autoridades que não são do setor também se manifestaram. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou a decisão do Carrefour francês de protecionismo europeu contra os países do Mercosul e disse que pautará propostas de reciprocidade econômica entre os países. “Nos incomoda muito o protecionismo europeu, principalmente da França com o Brasil. E deverá ter nesta semana, por parte do Congresso Nacional, em sua pauta, a lei da reciprocidade econômica entre os países”, declarou Lira em discurso na abertura do Global Voices, promovido pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), nesta segunda-feira (25).
Em nota, a assessoria de imprensa do Carrefour Brasil confirmou que houve a suspensão das entregas de carnes por parte dos frigoríficos, mas as lojas continuam comercializando os produtos e que, até o momento, não há desabastecimento.
Nesta segunda-feira (25), deputados protocolaram, em caráter de urgência, um pedido para que o governo crie uma comissão externa para investigar denúncias relacionadas à atuação da rede de supermercados no país.