Entenda como um pequeno inseto está deixando a laranja mais cara no Brasil

Com uma picada na árvore, psilídeo é capaz de reduzir a produção de laranjas e fazer o preço subir; mosquito derrubou produção nos Estados Unidos

Por Viviane Taguchi

Laranjas
Reprodução/FAEP

O mês de julho começou com altas no preço da laranja. A fruta, tão popular no Brasil, está 23% mais cara neste mês, para os consumidores finais que gostam de consumir laranja in natura. Geralmente, neste período do ano, o preço sobe, devido ao inverno e dias mais frios, mas nesse ano, o que tem pressionado muito os preços da laranja, na verdade, é a baixa produção em todo o país, provocada por uma doença, o Greening. Entenda por que a laranja está ficando cara no Brasil.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Esalq/Usp, apontou que os preços das laranjas estão mais altos no Brasil porque as cotações da fruta estão altas. Isso está acontecendo porque a produção de laranjas na atual safra está menor.

Entre os dias 1 e 5 de julho, a cotação média da laranja pera, variedade que é consumida in natura, foi de R$ 89,6 (caixa de 40,8 quilos, que é a medida oficial para a laranja). Esse preço, segundo o Cepea, mostra um aumento de 2,67% em relação ao mês de junho. 

Todas as variedades de laranja, as destinadas à produção de suco industrial ou as para o consumo de mesa, estão com preços mais altos nesta safra.

Mas afinal, o que está causando a menor produção de laranja no Brasil?

Uma doença chamada Greening e é considerada uma verdadeira praga está causando a diminuição da produção de laranjas no Brasil, principalmente na região do Cinturão Citrícola, que é a que mais produz laranjas no Brasil, tanto as de variedades de mesa como para a indústria de sucos. Essa região compreende o interior de São Paulo e o Triângulo Mineiro (mas a doença também está presente em outros estados produtores de laranja, como o Paraná) e estima-se que 56% dos pomares (ou em torno de 77 milhões de pés de laranja) estejam contaminados. 

O Greening é uma doença fatal para as árvores de citrus, atinge todas os tipos de citrus, incluindo limões, e não há cura para as plantas contaminadas, que devem ser eliminadas quando doentes. A doença é transmitida por uma bactéria, através da ação do inseto psilídeo Diaphorina citri. 

O inseto “pica” a árvore contaminada para extrair a sua seiva e passa a transmitir a bactéria para as demais plantas. A única forma de combater o Greening é a prevenção, mas nos últimos anos a doença se alastrou pelos pomares, fazendo a produção da fruta cair.

De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), após a contaminação, a árvore começa a produzir cada vez menos até parar completamente de dar frutos. Para evitar a contaminação das demais plantas, é necessário exintiguir a planta. Somente nesta semana, a Secretaria de Agricultura de São Paulo, retirou 25 mil árvores na região de Tupã (SP).

O greening é tão fatal para a produção de laranjas que, no passado, o estado americano da Flórida, era o principal concorrente do Brasil no setor de laranjas. A doença, porém, atacou os pomares norte-americanos fazendo a produção de laranjas despencar para mais da metade. Estima-se que os prejuízos dos citricultores seja de US$ 1 bilhão por ano. 

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