Entenda como a guerra na Ucrânia faz o preço do pão subir no Brasil

Preço do pão depende das cotações internacionais do trigo e o Brasil ainda precisa importar o cereal

Da Redação

Entenda como a guerra na Ucrânia faz o preço do pão subir no Brasil
Pão francês está ficando mais caro por causa da guerra
Reprodução

As recentes variações no preço do trigo no mercado internacional têm gerado flutuações no valor do famoso pão francês aqui no Brasil. Mas, por que a guerra entre Ucrânia e Rússia conseguem influenciar o preço do pão no Brasil? 

As cotações do trigo dispararam após a Rússia romper o acordo de grãos com a Ucrânia, em julho, que garantia a exportação do cereal pelos portos do Mar Negro. A Ucrânia e a Rússia são os maiores produtores mundiais de trigo e, com a suspensão das exportações ucranianas, há menos trigo em todo o mundo, por isso, o preço já subiu 9%. Por isso, os países que precisam importar o trigo, inclusive o Brasil, estão pagando mais caro.

O preço do trigo está oscilando desde o início do conflito. No final do ano passado, houve uma redução nas cotações e o anúncio de uma safra brasileira maior de trigo, em torno de 10 milhões de toneladas vinha ajudando a equilibrar os preços, mas há um mês, com o fim do acordo de grãos, o trigo voltou a subir.

Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em comércio exterior, os valores do grão continuarão variando por pressão do mercado externo, pois “após eventos como os atuais encerramentos de acordos no Mar Negro, registramos aumento no preço do trigo internacionalmente. Porém, existem outros fatores que auxiliam a equilibrar o preço de produtos variados no grão, como é o caso da valorização do real frente ao dólar e o preço dos combustíveis”, explicou.

A suspensão do acordo entre essas nações gerou preocupações quanto à oferta global do produto. No entanto, Pizzamiglio destaca que "houve certa adaptação do mercado externo e as condições atuais de oferta e demanda, aliadas ao aumento da produção de trigo no Brasil, contribuíram para limitar o impacto no preço do pão francês. Porém, os valores ainda podem sofrer alterações em 2023".

Outros países também estão investido fortemente na produção da commodity para o mercado externo. Esse é o caso do trigo da Argentina, um dos principais fornecedores do Brasil. Além disso, a produção doméstica também bateu recordes após o início do conflito militar europeu, fato que auxilia a equilibrar os preços.

E o mais recente país a se juntar aos exportadores é asiático. A Índia, uma das grandes produtoras mundiais de trigo e arroz, procura estabilizar os preços desses alimentos essenciais. Recentemente, o governo do país fez a promessa de fornecer milhões de toneladas de trigo e arroz para grandes consumidores, deste modo o país busca mitigar possíveis lacunas na oferta global. “Ainda precisamos estar atentos aos dados e informações da guerra, mas é essencial que o Brasil continue aumentando a produção do trigo não apenas para o mercado interno, mas como forma de ampliar a participação neste mercado global que está com a demanda aquecida”, afirmou o executivo.

E a produção no Brasil está em crescimento, com uma estimativa de 10,8 milhões de toneladas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representando um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior. Porém, as oscilações nos preços do trigo, tanto em âmbito nacional quanto internacional, têm gerado um ambiente de cautela entre os compradores. “Atualmente, temos observado, também, que os compradores aguardam a entrada de novas safras no mercado, pensando de forma estratégica para aumentar os estoques do produto”, explica Pizzamiglio. 

No contexto da Bolsa de Mercadorias de Chicago, uma queda acentuada nas cotações do trigo foi observada. No cenário da guerra, a oferta generosa vinda da Rússia para os países aliados internacionalmente, concomitantemente aos preços mais acessíveis da sua mercadoria, exerce pressão sobre os valores. A preferência do Egito pelo trigo russo em licitações de importação reforça essa narrativa.

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