O governo da Dinamarca anunciou que vai taxar as emissões de gases, arrotos e puns, de bovinos e suínos a partir de 2030. A medida visa reduzir a produção de gases de efeito estufa até o ano 2045, particularmente a de CH4, o metano, presente no organismo destes animais e eliminado em forma de gases.
De acordo com a medida, a partir de 2030, as emissões serão taxadas em 300 coroas (R$ 239, na cotação atual) por tonelada equivalente de CO² emitida e, a partir de 2035, o valor aumentará para 750 coroas, ou R$ 554.
Os valores foram definidos a partir de um acordo feito entre o governo e os representantes dos pecuaristas dinamarqueses, da agroindústria local e sindicatos, mas o parlamento ainda irá votar a aprovação (ou não) da taxa.
A Associação Dinamarquesa para a Agricultura Sustentável considerou a taxa “inútil” e declarou, em uma nota, que “é um dia triste para a agropecuária”. “Como agricultor, fico desconfortável porque participamos de uma experiência incerta" que pode ameaçar "a segurança do abastecimento alimentar", afirmou o presidente da instituição, Peter Kiaer. Ele destacou, no comunicado que a Nova Zelândia já tentou taxar a emissão de gases do rebanho, sem sucesso.
Natural da digestão
O metano (CH4) é um gás naturalmente emitido pelos bovinos e suínos durante a fermentação entérica do processo digestivo, é considerado um dos responsáveis pelo aquecimento global. É considerado o principal contribuinte para a formação do ozônio ao nível do solo, conhecido como um poluente perigoso do ar e causador do aquecimento global e efeito estufa.
A emissão de metano pelos ruminantes é responsável por cerca de 22% deste gás na atmosfera, constituindo a terceira maior fonte em escala global. Apesar de o Brasil ser um grande produtor de gado, o país responde por 3% das emissões globais de metano, segundo dados da Embrapa Pecuária Sudeste.
A meta do Brasil é reduzir as emissões de CH4 em 43% até 2030 (em relação ao valor emitido em 2005), explica o pesquisador Sérgio Medeiros, da Embrapa. Ele destaca que os sistemas de produção e o manejo são as medidas brasileiras adotadas para reduzir as emissões, como o plantio direto, a recuperação das pastagens degradadas e o aumento da área com uso de sistemas de produção integrados.