O complexo soja, que inclui os grãos, farelo e o óleo de soja, deve registrar, neste ano, recordes nas exportações, tanto em volume quanto na receita arrecadada com as vendas externas, apontou um levantamento realizado pela Datagro Grãos. O volume deve chegar a 125,4 milhões de toneladas, o que representa 23,3% a mais na comparação com as exportações registradas em 2022.
De acordo com a consultoria, as exportações de soja em grão devem chegar a 101milhões de toneladas (28,3% acima do volume registrado em 2022), 22 milhões de toneladas de farelo de soja e 2,4 milhões de óleo de soja. Para o óleo, as vendas externas comparadas com as do ano passado são 7,6% menores.
A receita cambial também deve ser recorde neste ano, apesar do forte recuo nos preços médios. A previsão total da Datagro Grãos foi revisada para US$ 66,4 bilhões, ultrapassando em 9,4% o recorde de US$ 60,7 bilhões de 2022. Seriam US$ 52,5 bilhões decorrentes das vendas de soja em grão (+13,0%); US$ 11,3 bilhões da comercialização de farelo (+9,7%); e US$ 2,6 bilhões das vendas de óleo (-34,1%).
A consultoria destacou, ainda que o desempenho positivo é resultado, entre outros fatores, da forte evolução na safra colhida neste ano, projetada em 157,2 milhões de toneladas; quebra na safra norte-americana de soja em 2022, avanço nas compras globais de soja e milho pela China, depois que a crise da peste suína africana (PSA) foi contornada; aumento das tensões nas relações geopolíticas entre os EUA e a China, além da queda nos preços do complexo soja em relação aos picos do ano passado. Por outro lado, o levantamento aponta retração no consumo mundial no ano comercial 2022/23.
“O quadro de preços dominantemente mais fraco está associado ao avanço nos estoques mundiais na temporada 2022/23, com a confirmação de safra modesta nos EUA e Argentina, mas recorde no Brasil, combinado com consumo conservador por conta do quadro de desaceleração da economia global”, comentou em nota o economista e líder de conteúdo da Datagro Grãos, Flávio Roberto de França Junior.
A indicação de receita maior deve contribuir para minimizar o recuo previsto nas exportações do Brasil em 2023, considerando a diminuição no ritmo de crescimento da economia brasileira. A atual projeção aponta para US$ 334,000 bilhões, praticamente estável ante o recorde de US$ 334,136 bilhões registrado em 2022. Com isso, o setor contribuiria com 19,9%, proporção superior ao recorde de 18,2% de 2022, superando com folga os 15,6% da média de participação dos últimos dez anos.
Exportações em 2024
A Datagro Grãos também divulgou a projeção para as exportações brasileiras do complexo soja em 2024 e manteve a estimativa anterior, com sinalização de avanço apenas no volume, com retração de valor na comparação com 2023.
O total está projetado em 128 milhões de toneladas, montante 2,4% acima do estimado para este ano - 103 milhões de toneladas de soja em grão (+2,0%); 23 milhões de toneladas de farelo (+4,5%); e 2,400 milhões de toneladas de óleo de soja, estabilidade ante o ano atual.
A receita está prevista em US$ 62,310 bilhões que, caso seja concretizado, representaria baixa de 6,2% sobre o ano atual, sendo distribuído dessa maneira: US$ 49,440 bilhões de soja em grão (-5,9%); US$ 10,350 bilhões decorrentes das vendas de farelo (-8,6%); e US$ 2,520 bilhões derivados das comercializações de óleo de soja (-2,8%).