Abelhas poderiam aumentar a produção e o valor do café brasileiro

Cientistas afirmam que a polinização ainda elevaria a qualidade dos grãos de café do Brasil

Abelhas poderiam aumentar a produção e o valor do café brasileiro
Planta de café de variedade arábica
Gustavo Facanalli/Embrapa

Um estudo realizado por cientistas da Embrapa Meio Ambiente (SP) e multinacional Syngenta investigou o efeito da inserção de colônias de abelhas manejadas em fazendas de café convencionais e o resultado surpreende: as abelhas poderiam aumentar a produtividade dos cafezais e a rentabilidade da cultura em até R$ 22 bilhões. Os testes foram realizados em lavouras de café arábica, comuns em Minas Gerais e São Paulo.

Os dados demonstraram que a presença das abelhas introduzidas em cafezais aumentou a produtividade em 16,5%, passando de 32,5 para 37,9 sacas por hectare e a qualidade do café, item essencial neste mercado, aumentou em 2,4 pontos, promovendo a classificação de grãos de regulares para especiais em algumas fazendas. Neste caso, o salto de qualidade elevou o valor da saca de café em 13,15%, um ganho de US$ 25,40 por saca.

A pesquisa apontou que a polinização assistida pode gerar impactos econômicos significativos na cafeicultura, tornando o manejo de abelhas uma ferramenta poderosa para melhorar a rentabilidade dos cafeicultores.

Os pesquisadores calcularam que, se todos os cafeicultores brasileiros adotassem a tecnologia de polinização assistida, a produção de café no Brasil poderia ser transformada. Considerando os resultados da pesquisa e os valores atuais estimados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a produção cafeeira em 2024, haveria um aumento de 16,5% na produtividade com a presença das abelhas, o que representaria 6,5 milhões de sacas a mais de café, elevando a produção total para 46,1 milhões de sacas.

Haveria ainda um impacto significativo no valor de mercado: o preço da saca de café chegaria a R$ 2.014,90, com um aumento de 13,15%. No total, o mercado cafeeiro brasileiro saltaria dos atuais R$ 70,490 bilhões para R$ 92,919 bilhões, com um impacto econômico total estimado em R$ 22,429 bilhões.

O estudo também investigou como o uso de defensivos agrícolas afeta a saúde das colmeias e os pesquisadores focaram no tiametoxam, um inseticida sistêmico amplamente utilizado no cultivo de café. Seis fazendas que utilizam o defensivo de forma convencional e duas fazendas orgânicas participaram da análise. Três parâmetros de saúde das abelhas foram monitorados: produção de cria, mortalidade de larvas e atividade de forrageamento. As avaliações foram realizadas em cinco momentos: antes da floração; logo após; e 45, 75 e 105 dias depois.

Embora tenham sido encontrados resíduos do pesticida em pólen e néctar coletados pelas abelhas, os resultados indicam que as taxas de aplicação de tiametoxam, via irrigação do solo, não interferiram nos parâmetros de saúde das colônias. Isso reforça a viabilidade de um manejo coordenado entre a polinização assistida e o controle de pragas, desde que o uso de defensivos siga as recomendações técnicas.

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