Cientistas da Embrapa anunciaram que conseguiram desligar dois genes do feijão que produzem oligossacarídeos, que são os carboidratos da família rafinose, responsáveis por causar o desconforto digestivo e flatulências nos consumidores. Para chegar ao resultado, eles usaram técnicas de edição gênica.
Segundo os pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão, em Goiás, Josias Correa e Rosana Vianello, o trabalho foi feito com base no genoma já conhecido do feijão e na técnica de engenharia genética chamada CRISPR, sigla em inglês para Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas. Foi a primeira vez que a técnica foi utilizada para o desenvolvimento de uma variedade de feijão com menos fatores antinutricionais, ou seja, que provoca menos gases e outros desconfortos.
Agora, os cientistas querem criar plantas editadas com os genes da rota de rafinose desativados, para a produção de variedades de feijão mais saudáveis e atrativas para produtores e consumidores.
O feijão é fonte de aminoácidos, fibras e minerais importantes para a saúde. Mas o grão possui fatores antinutricionais, como o ácido fítico, taninos e carboidratos do tipo oligossacarídeos, da família da rafinose, e o sistema digestivo humano não produz as enzimas necessárias para digerir moléculas da família rafinose.
Apesar disso, existem microrganismos no trato intestinal capazes de digeri-la, mas, nesse processo, a fermentação pode resultar na produção de dióxido de carbono, hidrogênio e metano, que são componentes causadores de flatulência. Além do feijão, outros alimentos que também contêm rafinoses são lentilha, repolho, brócolis, aspargo, couve-de-bruxelas e grãos integrais.
Uma das alternativas mais comuns para melhorar a digestão, no caso do feijão, é o que se pode fazer em casa: colocar os grãos de molho de um dia para o outro e trocar a água de imersão.