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Cientistas criam inseticida sustentável e tecnológico contra o greening

Produto usa nanotecnologia e pode reduzir custos do produtor e evitar contaminações

Cientistas criam inseticida sustentável e tecnológico contra o greening
Eduardo Stuchi/Embrapa

Cientistas da Embrapa e da Unicamp anunciaram que desenvolveram um inseticida sustentável capaz de controlar o mosquito causador do Greening, doença que vem arrasando com os pomares de laranja em todo o mundo. O produto, que é um nanopesticida, promove a liberação controlada da molécula tiametoxam em estruturas que são até 80 mil vezes mais finas que um fio de cabelo!

De acordo com os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (SP) e do Instituto de Química da Unicamp, estudos mostram que a aplicação de nanopesticidas pode ser mais eficaz em comparação com os pesticidas convencionais já existentes e poderá, em futuro próximo, substituí-los completamente. 

Os nanomateriais apresentam propriedades físicas, químicas e biológicas únicas, diferentes das características dos mesmos materiais em escalas maiores, devido ao aumento da razão superfície-volume e dos efeitos quânticos.

Nanopesticidas são formulações que utilizam nanomateriais em sua composição e que apresentam elevada eficiência de aplicação e menos efeitos tóxicos ao ambiente em comparação com as formulações convencionais do mesmo ingrediente ativo. 

“Os resultados [da pesquisa] indicaram que as nanoestruturas foram eficazes com uma dose aproximadamente duas vezes menor comparada às formulações comerciais”, explica a analista da Embrapa Márcia Assalin, coordenadora do estudo, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A eficiência do nanoinseticida foi avaliada por meio do controle, em casas de vegetação, do inseto (Diaphorina citri) responsável pela disseminação do greening, também conhecido como huanglongbing e HLB, causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp. A doença acomete todas as plantas cítricas e não tem cura: uma vez contaminada, não é possível eliminar a bactéria da planta, que fica agindo como fonte de inóculo para contaminação de outras plantas.

Além de aumentar a eficiência, o novo produto pode levar a uma redução do número de aplicações, atenuação no desenvolvimento de resistência das pragas ao inseticida, e diminuição do impacto ambiental e dos custos associados.

De acordo com Ljubica Tasic, professora da Unicamp, o nanoinseticida apresentou reduzida toxicidade a organismos aquáticos utilizados em estudos de avaliação de ecotoxicidade (Raphidocelis subcapitata e Artemia salina). Por isso, ela acredita que o produto obtido representa uma das maneiras pelas quais a nanotecnologia pode promover práticas agrícolas mais sustentáveis. 

O tiametoxam e o greening

O greening é uma das mais importantes doenças dos citros da atualidade. A sua severidade se dá principalmente pela rápida e eficiente disseminação das bactérias pelo inseto Diaphorina citri e pela ausência de resistência genética em citros. O tiametoxam, um dos princípios ativos utilizados no controle da doença,  pertence a uma classe relativamente nova de inseticidas, os neonicotinodes, que estão no mercado desde o início dos anos 1990 e integram a lista dos produtos agrotóxicos mais vendidos. 

Esse produto químico apresenta elevada solubilidade em água, potencial de lixiviação e rápida degradação por fotólise, isto é, o processo de degradação de moléculas orgânicas por meio de luz.

Assalin afirma que, na aplicação do inseticida convencional, inúmeras perdas podem ocorrer devido a fatores, como técnicas de aplicação, condições ambientais, degradação por fotólise e lixiviação. Isso leva a repetidas aplicações, resultando no uso de inseticidas em quantidades maiores do que o necessário para controlar o inseto vetor, o que gera aumento do custo, contaminação de corpos aquáticos superficiais e subterrâneos, risco de desenvolvimento de resistência do psilídeo ao inseticida, além de representar risco para a saúde humana e para invertebrados aquáticos. 

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