O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sugeriu na última terça-feira (23) que quem está preocupado com as eleições no país dele, que fosse “tomar um chá de camomila”. A fala foi vista como uma resposta ao presidente Lula, que se mostrou preocupado com as falas do ditador. O que Maduro não sabe é que a camomila brasileira é realmente de alta qualidade e possui até selo de Indicação Geográfica (IG).
A maior produção de camomila no Brasil está localizada na cidade de Mandirituba, no Paraná, que detém o título de capital nacional da camomila. O produto recebeu a de Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em janeiro deste ano.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), a produção de camomila na cidade supera as 300 toneladas anuais colhidas. As lavouras dessa planta também geram cerca de R$ 5 milhões de faturamento bruto aos produtores da cidade.
A camomila de Mandirituba é utilizada para chás, essências e produtos farmacêuticos. Além disso, o cultivo também impulsiona o turismo regional, já que visitantes vão até a cidade para acompanhar a florada da lavoura, especialmente nos meses de agosto e setembro, e cerca de 50 famílias produzem camomila na cidade, em uma área total de 875 hectares.
A camomila foi levada para a região por imigrantes do Leste Europeu, principalmente vindos da Ucrânia e Polônia, ainda no início do século XX. A produção local, no entanto, despontou como uma referência nacional na década de 1990.
Segundo os técnicos do INPI, Mandirituba é uma referência na produção da camomila em função das condições de solo e clima, que são propícias para o cultivo, associadas ao conhecimento dos produtores sobre os potenciais agrícola, alimentício e medicinal do produto. O parecer também destaca a qualidade da camomila de Mandirituba, que supera com folga o teor médio de concentração de óleo essencial exigido pelo mercado. Em geral, a concentração precisa ser superior a 0,4% e a camomila de Mandirituba tem, em média, concentração de 0,7%.