Brasil exporta 4,9 milhões de sacas de café em outubro

Volume é recorde mensal e foi obtido com esforços do setor e exportações em break bulk, por exemplo, para superar atrasos e alterações de escalas de navios para embarque

Brasil exporta 4,9 milhões de sacas de café em outubro
Grãos de café
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Mesmo com os gargalos logísticos que impossibilitaram o embarque de 2,1 milhões de sacas de 60 kg de café até o fim de setembro neste ano, o Brasil registrou recorde mensal no volume exportado em outubro, com 4,926 milhões de sacas remetidas ao exterior, o que implica crescimento de 11,6% ante mesmo mês de 2023 e de 3,27% frente ao maior volume histórico anterior, em novembro de 2020 (4,770 milhões de sacas). Os dados são do relatório estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

A um preço médio de US$ 282,80 por saca exportada, o valor obtido com as remessas cafeeiras do país ao exterior, em outubro, alcançou US$ 1,393 bilhão, recorde para um único mês em ambos os cenários. Na comparação com a receita cambial obtida em outubro de 2023, o crescimento é de 62,6%.

“Esse resultado de outubro foi, sem dúvida, muito bom para o comércio exportador de café do Brasil, pois demonstra o engajamento das empresas e de suas equipes de logísticas para consolidar seus embarques, buscando alternativas, como as exportações de cinco navios de break bulk, para honrar os compromissos com os clientes internacionais. Entretanto, é importante destacar que ainda há um grande volume de café parado nos portos e que os exportadores seguem enfrentando desafios logísticos para consolidarem seus embarques devido à continuidade dos elevados índices de atrasos de navios e rolagens de cargas”, destaca o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.

De acordo com ele, o aumento na demanda por contêineres para a exportação de café, açúcar e algodão, somado à falta de infraestrutura portuária adequada para atender produtos conteinerizados, contribuiu para os elevados índices de atrasos dos navios e rolagens de cargas, impactando a gestão de gates e a lotação de pátios dos terminais.

“O Cecafé vem mantendo diálogo com os terminais portuários e demais entes do comércio exterior na expectativa de buscar apoio e esforços para o atendimento às cargas de café, mesmo diante de todos os desafios de pátio. Também mantemos conversas com os demais segmentos do agronegócio brasileiro para que possamos, juntos, reivindicar a ampliação dos investimentos em infraestrutura e ter maior celeridade nos processos junto às autoridades públicas, caso contrário os exportadores seguirão bancando, literalmente, o recorde exportado”, completa Ferreira.

Com o desempenho aferido em outubro, o Brasil elevou para 17,075 milhões de sacas o montante de café exportado no acumulado dos quatro primeiros meses do ano safra 2024/25, o que rendeu US$ 4,529 bilhões ao país. Na comparação com os desempenhos registrados entre julho e outubro de 2023, há crescimentos de 17,9% em volume e de 58,1% em receita cambial.

De janeiro ao fim de outubro deste ano, as exportações brasileiras de café somam 41,456 milhões de sacas, volume histórico para o período e que representa um incremento de 35,1% em relação ao embarcado nos mesmos 10 meses do ano passado. A receita cambial de US$ 9,875 bilhões também é recorde no intervalo e implica alta de 53,8% na mesma comparação.

A Alemanha se colocou como o principal destino dos cafés do Brasil no acumulado de 2024. O país importou 6,640 milhões de sacas de janeiro a outubro, o que equivale a 23,9% de todas as exportações e significa crescimento de 77% na comparação com os 10 primeiros meses do ano passado.

Os Estados Unidos, com 23,4% de representatividade, adquiriram 6,522 milhões de sacas (+30,9%) e ocupam o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Bélgica, com a importação de 3,618 milhões de sacas (+116,2%); Itália, com 3,330 milhões de sacas (+34%); e Japão, com 1,840 milhão de sacas (-1,6%).

Quando se analisam as exportações de café verde realizadas pelo Brasil a outros países produtores, o México lidera a tabela com a aquisição de 871.766 sacas do produto in natura, o que representa um aumento de 155,3% frente ao comprado de janeiro a outubro de 2023.

O Vietnã, segundo maior produtor do mundo, aparece na sequência, ampliando suas importações dos cafés verdes brasileiros para 607.233 sacas, com significativa elevação de 432,8% sobre o volume adquirido nos 10 primeiros meses do ano anterior. Destaca-se, ainda, a performance para a Índia, que ampliou em expressivos 1.356% suas compras dos cafés em grão do Brasil, para 225.936 sacas.

A observação das remessas ao exterior por blocos econômicos aponta que, com exceção ao Mercosul (-29,3%), os demais aumentaram a importação de todos os tipos de café do Brasil. A União Europeia, que responde por 48,1% dos embarques, lidera o ranking com a aquisição de 19,931 milhões de sacas, apresentando alta de 54,5%.

Na sequência, aparecem os países do Tratado de Associação Transpacífico (TPP), com 5,386 milhões de sacas (+39,8%); Oriente Médio, com 2,592 milhões de sacas (+24,7%); BRICS, com 2,173 milhões de sacas (+37,5%); Países Árabes, com 1,955 milhão de sacas (+43%); e Leste Europeu, com 1,608 milhão de sacas (+74,3%).

TIPOS DE CAFÉ
O café arábica, com a remessa de 30,201 milhões de sacas ao exterior entre janeiro e outubro, é a espécie mais exportada pelo Brasil. Esse volume é o maior da história para esse período de 10 meses, equivale a 72,9% do total e representa alta de 24,3% em relação ao mesmo intervalo no ano passado.

A espécie canéfora (conilon + robusta) vem na sequência e se coloca como o principal destaque dos embarques em 2024 ao registrar substancial crescimento de 140% frente a 2023, com o envio recorde de 7,894 milhões de sacas ao exterior. Assim, a representatividade da espécie chega a 19% das exportações gerais.

O segmento do café solúvel, com 3,322 milhões de sacas – avanço de 8,8% e 8% do total –, e o produto torrado e torrado e moído, com 38.303 sacas (-9,6% e 0,1% de representatividade), completam a lista.

CAFÉS DIFERENCIADOS
Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis respondem por 17,9% das exportações totais brasileiras do produto entre janeiro e outubro de 2024, com a remessa de 7,402 milhões de sacas ao exterior. Esse volume é 42,8% maior do que o registrado nos 10 primeiros meses do ano passado.

O preço médio do produto foi de US$ 262,79 por saca, gerando uma receita cambial de US$ 1,945 bilhão, o que corresponde a 19,7% do obtido com os embarques totais de café de janeiro a outubro deste ano. No comparativo anual, o valor é 60,9% superior ao registrado nos mesmos 10 meses de 2023.

No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados, entre janeiro e outubro, os EUA estão na liderança, com a compra de 1,647 milhão de sacas, o equivalente a 22,3% do total desse tipo de produto exportado.

Fechando o top 5, aparecem Alemanha, com 1,403 milhão de sacas e representatividade de 18,9%; Bélgica, com 833.348 sacas (11,3%); Holanda (Países Baixos), com 525.138 sacas (7,1%); e Reino Unido, com 290.855 sacas (3,9%).

PORTOS
O Porto de Santos é o principal exportador dos cafés do Brasil entre janeiro e outubro de 2024, com 27,940 milhões de sacas, ou 67,4% do total. Na sequência, aparecem o complexo portuário do Rio de Janeiro, que responde por 28,1% dos embarques ao remeter 11,664 milhões de sacas ao exterior, e o Porto de Vitória (ES), que registrou o embarque de 465.311 sacas e teve representatividade de 1,1%.

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