Ataques de lagartas impulsionam uso de inseticidas em lavouras de soja

Resistência das pragas aos produtos químicos exige adoção de pesticidas biológicos

Lagarta na planta de soja
Divulgação/Kynetec

Um estudo divulgado pela consultoria Kynetec aponta que o avanço de diferentes espécies de lagartas nas lavouras de soja tornou-se preocupante no Brasil. Os ataques fizeram com que a área potencial tratada com inseticidas crescesse 46% nas últimas três safras, algo em torno de 99 milhões de hectares na safra 2023/2024.

Conforme o estudo, a forte pressão das lagartas no país tracionou o número médio de aplicações de inseticidas. Na região ‘Mapitobapa’ (Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e Pará), entre as safras 2020/2021 e 2023/2024, a área tratada subiu 116%. Nos cinco estados, os produtos giraram US$ 144 milhões na última safra de soja, com alta de quase US$ 100 milhões. Especificamente no Piauí e no Pará, impressiona o aumento do número de pulverizações, que subiu de cerca de 2,5 aplicações por hectare para seis e cinco aplicações por hectare, respectivamente.

Lagartas são cada vez mais um problema sistêmico. Geram prejuízos na safra de milho e soja e na safrinha de milho. Chegaram também a outras culturas como sorgo, milheto, girassol e feijão. O manejo dessas pragas com insumos de matriz química e por biotecnologias é cada vez menos eficiente e o controle, por sua vez, mais complexo”, resume Pedro Marcellino, diretor de marketing da AgBiTech Brasil, companhia líder do mercado de biolagarticidas, ou inseticidas biológicos, à base de baculovírus.

O engenheiro agrônomo da Agrotech, Daniel Dias Rosa, mestre em fitopatologia e doutor em proteção de plantas, reforça que ativos químicos como benzoato, clorpirifós, clorantraniliprole, além de todas as diamidas, revelam redução acentuada no desempenho sobre lagartas da soja. 

“Hoje não há como trabalhar só com químico, mas buscar a integração de manejo. Uma das recomendações é agregar vírus, baculovírus especialistas em lagartas. Não gostamos da palavra resistência, mas, com a perda real da performance de químicos, estudos indicam que diferentes lagartas de fato caminham para a resistência”, ressalta Dias Rosa.

Pedro Marcellino, da AgBiTech, acrescenta que a companhia, de origem australo-americana, presente no país há oito safras, apresenta crescimento contínuo nas vendas de seu portfólio de baculovírus para manejo de lagartas. Com share médio atual de 42%, complementa o executivo, a companhia ampliou em 26% as transações de produtos no ciclo 2023-2024. 

"Inseticidas à base de baculovírus potencializam efeitos de moléculas químicas frente às quais determinadas pragas já adquiriram resistência, fazendo com que a performance de químicos salte da ordem de 50% para perto de 85%, em eficácia, no controle de lagartas”, exemplifica Marcellino. “Há entrega de resultados e melhora relevante na relação custo-benefício do produtor”, finaliza.

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