As áreas de agricultura e pastagem, somadas, expandiram 417% na Amazônia brasileira nos últimos 39 anos, ocupando 66 milhões de hectares em 2023. No Cerrado, a expansão foi de mais 68%, atualmente 90 milhões de hectares. O bioma possui a maior área absoluta de agricultura, 26 milhões de hectares.
Os dados foram apresentados hoje (6) pelo MapBiomas, rede colaborativa de instituições da qual o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) faz parte, em evento no Ministério da Agricultura e Pecuária, em Brasília (DF). O levantamento revela a dinâmica de expansão da agropecuária no Brasil nos últimos 39 anos.
A partir da análise de imagens de satélite do período entre 1985 e 2023, os dados apontam que a área ocupada por culturas temporárias, como soja, cana, arroz e algodão, entre outros, aumentou 3,3 vezes, passando de 18 milhões de hectares para 60 milhões de hectares no Brasil.
Atualmente, 77% da área de agropecuária no país é ocupada por pecuária (164 milhões de hectares), soja (aproximadamente 40 milhões de hectares) ou cana (cerca de 9 milhões de hectares).
Os cerca de 40 milhões de hectares da área mapeada de soja no Brasil representam 14% de toda a área de agropecuária no Brasil. Em 2023, quase metade dessa área cultivada com soja está no Cerrado (19,3 milhões de hectares). Na Amazônia, são 5,9 milhões de hectares.
“Estamos diante de um momento de virada da agricultura, de uso da terra e da nossa economia como um país que é grande produtor de alimentos e de commodities agrícolas. E esse conjunto de mudanças está sendo impulsionado pelas mudanças climáticas. Teremos que restaurar áreas, investir em intensificação de pastagem, entre outras ações. Para isso acontecer, precisamos de dados”, disse André Guimarães, diretor executivo do IPAM, durante painel no evento.
Conversão para pastagem na Amazônia e Cerrado
A pastagem é atualmente o principal uso antrópico do território brasileiro. Mais de um terço (36%, ou 59 milhões de hectares) das pastagens ficam na Amazônia e cobrem 14% da área total do bioma. Cerca de um terço (31%, ou 51 milhões de hectares) ficam no Cerrado, onde as pastagens ocupam 26% do bioma. Juntos, Amazônia e Cerrado respondem por dois terços (67%) das pastagens brasileiras.
No caso do Cerrado, 72% das áreas de pastagem atuais foram abertas há mais de 20 anos. Na Amazônia, cerca de 40% da conversão das pastagens ocorreu nos últimos 10 anos.
“A partir destes dados abertos desta ciência colaborativa, conhecemos melhor a agropecuária do Brasil para contribuir com tomada de decisões, planejamento do território e melhorar práticas de manejo mais sustentáveis no país”, diz Julia Shimbo, pesquisadora do IPAM e coordenadora científica da rede MapBiomas.
Além dos dados de pastagem e agricultura, foi lançado o módulo atualizado do MapBiomas Solo com os números de estoque carbono orgânico e dados inéditos de granulometria e textura do solo cobrindo todo o território brasileiro. Na próxima semana, será ainda lançada uma nova plataforma do MapBiomas do Monitor de crédito rural que mostrará a série histórica de quem utilizou o benefício, valores e outras informações.
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ICMBio