O feijão carioca, que é a variedade de pulse mais consumida no grupo dos feijões no Brasil, registrou queda de 28% no valor da saca neste primeiro semestre de 2023. Segundo dados do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), a saca de 60kg do grão estava em R$ 365 aos empacotadores na segunda quinzena de janeiro, e, neste mesmo período de junho, a saca custa R$260.
A terceira safra do feijão teve início no mês de abril e durará até outubro. A safra de inverno, como é conhecida, corresponde a 20% da produção nacional de feijão e, geralmente, é a safra mais produtiva, devido aos altos investimentos em serviços, insumos e tecnologia. A tendência é que os preços aumentem até o final do ano, devido a qualidade do grão.
Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, explica que um dos grandes problemas, durante a colheita da segunda safra, foram as chuvas. “Quando falamos em exportação, como também no preço para mercado interno, as chuvas dos primeiros meses do ano comprometeram a qualidade do feijão, principalmente na variedade do carioca”, diz.
Para o consumidor final, os preços do feijão carioca e do feijão preto variam em diferentes regiões do Brasil, oscilando entre R$ 6,49 e R$ 11,90 por quilo. A instabilidade no mercado de feijão tem impactado diretamente o consumidor brasileiro, tornando necessária uma gestão equilibrada do setor agrícola e do comércio exterior para garantir o abastecimento interno e a estabilidade dos preços. É esse efeito no almoço diário dos brasileiros que deve ser considerado quando falamos da redução do preço do feijão carioca.
De acordo com um levantamento do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), nos primeiros quatro meses de 2023, o país exportou mais de 37 mil toneladas de feijão, porém, o carioca foi o de menor expressão e o feijão-fradinho o de maior. O fradinho representou ? das exportações, o equivalente a 13 mil toneladas. No território nacional, esse grão ocupa a quarta posição de consumo pela população.
Já o feijão carioca detém 70% do consumo brasileiro e 53% da área cultivada, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “É muito importante que o país também invista na exportação do grão carioca, o qual é muito popular por aqui, mas não possui volume externo”, sugere Pizzamiglio. “O Brasil tem a capacidade de produzir diferentes tipos do grão, mas geralmente países asiáticos acabam preferindo o feijão-fradinho por questões culturais”, conclui o empresário.
Apesar do clima adverso e da incidência de doenças em algumas plantações ao redor do país, o grão possui um balanço positivo no avanço das colheitas. Em Minas Gerais, se observa uma colheita de 76% da área de plantio. No Paraná, os produtores de feijão já colheram 54% dos 299 mil hectares cultivados. Já no Rio Grande Do Sul, a colheita está mais prejudicada por conta das chuvas, o que apresentou perda da qualidade do grão.
Fábio afirma que o Brasil tem o potencial para aumentar a sua produção, principalmente considerando a atual taxa de câmbio e a derrubada dos preços devido a diminuição da inflação. “Tanto os produtores de feijão, como os de arroz, alimentos indispensáveis na dieta do brasileiro, podem aumentar a sua produção devido a diminuição dos custos de produção, principalmente considerando os valores dos combustíveis e a valorização do real perante ao dólar. Desse modo, poderemos ter um aumento na produção interna, mantendo o preço baixo nas prateleiras. O balanço do feijão tende a continuar o mesmo que o ano passado, mas aumentar a produção é necessário tanto para exportação, quanto para melhores preços aplicados ao mercado interno”, finaliza o executivo.