Produtores rurais argentinos registraram a ocorrência do vírus rugoso do tomateiro em lavouras do norte do país. Identificado pela sigla ToBRFV (abreviatura do inglês tomato brown rugose fruit virus), o agente patogênico é uma grande ameaça às lavouras de tomate e a sua detecção na Argentina coloca o Brasil em alerta.
O vírus foi descrito pela primeira vez em 2014, na região sul de Israel, no Oriente Médio. Desde então, ele já foi relatado na Ásia, na Europa, nas Américas do Norte e Central e, agora, no continente sul-americano. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) afirmou que não há registro oficial da presença do ToBRFV no Brasil, porém, a sua detecção em região próxima ao Brasil demanda atenção dos produtores e autoridades.
“O Brasil é um grande importador de sementes de tomateiro, condição que o torna vulnerável à entrada do vírus; assim, é extremamente relevante assegurar a sanidade das sementes que importamos, isto é, que elas sejam produzidas em regiões sem a presença do ToBRFV", explica a fitopatologista da Embrapa, Alice Nagata.
Nagata diz que é importante interditar o transporte de frutos do tomateiro da Argentina para o Brasil, e recomenda que, caso surjam casos suspeitos, é imprescindível a notificação dirigida às autoridades sanitárias, com vistas à realização de testes para confirmar ou descartar a presença do patógeno.
Sintomas da doença do tomate
Os principais sintomas provocados pelo vírus são manchas irregulares nas folhas, que ficam amareladas, com deformações e textura mais fina. Nos frutos aparecem manchas de cor amarelada a marrom, com rugosidade. Lesões amarronzadas podem incidir também no caule e demais partes da planta, ocorrências que correm o risco de ser confundidas com as causadas por outras espécies de vírus, principalmente o do mosaico-do-tomateiro (tomato mosaic virus - ToMV). A principal diferença entre os dois patógenos, de acordo com a pesquisadora, está na capacidade de o ToBRFV afetar plantas com resistência ao ToMV e nos sintomas de deformação e necrose em frutos, menos frequentes na infecção por ToMV.
A capacidade de disseminação torna o ToBRFV mais perigoso em comparação a outros vírus, pois ele é facilmente disseminado por meio da manipulação de plantas infectadas: o vírus pode contaminar as mãos, equipamentos e máquinas e, infectar plantas sadias. Após manipular frutos de uma planta infectada, basta o toque das mãos contaminadas no tomateiro sadio para disseminar o vírus e iniciar o ciclo de infecção.
Nagata também chama a atenção para o papel desempenhado pelo inseto conhecido como mamangava, que vem sendo apontado como um agente transmissor do vírus, "haja vista a sua utilização frequente na polinização em tomateiros, principalmente em cultivo protegido”, explica ela.