Sobe morro, desce morro. Quem cultiva café de altitude sabe o quanto é difícil manejar as roças e quem está na cidade, não tem nem ideia da trabalheira que dá produzir café no morro. E, diga-se de passagem, as melhores variedades de café gostam de altitude! Mas uma jovem produtora rural chamada Kassiane Thayna está conseguindo, com muito humor, mostrar o dia-a-dia da roça.
Kassiane mora em Caratinga, região de Patrocínio, no Cerrado Mineiro. A região é famosa pela produção de cafés de variedades arábicas e de altitude, de lá saem os melhores cafés do mundo! Ela conta que, durante a semana, trabalha colhendo cafés para outros produtores, mas nos fins de semana, trabalha na própria lavoura.
Produzir cafés em grandes altitudes resulta em uma bebida de qualidade. A influência da altitude é determinante para a qualidade da bebida, já que ela oferece as condições de clima e temperatura ideais para a produção.
A colheita de café de altitude deve ser feita manualmente. Isso porque as máquinas colhedoras não chegam no topo dos morros e nem podem, já que essa é uma prática proibida pelo Código Florestal. O café, nesses casos, deve ser colhido por pessoas, que derriçam galho a galho usando apenas luvas.
Em seus cálculos, Kassiane já colheu mais de 11 mil pés de cafés, sozinha. “O serviço da minha lavoura, eu faço sozinha, só contratei ajuda quando eu via que não dava conta, como no dia que eu fui plantar”, conta. Em um dos seus vídeos, ela narra que chega na lavoura por volta de 6h20 da manhã e só para às 17 horas. “Colhi cinco brutalis [saca de café] dessa daqui, cê é loca”, brinca.
Kassiane nasceu e cresceu na roça e ama ser produtora de café. Ela nasceu com uma deficiência em um dos olhos e futuramente, pretende colocar uma prótese ocular. “Mas isso não atrapalha a minha vida, mas vou colocar. Se tem uma coisa que eu amo fazer é colher café, não atrapalha em nada”.
Como surgiu a máquina de colher café?
Foi um imigrante japonês chamado Shunji Nishimura que inventou a primeira máquina de colher café do mundo! Nishimura desembarcou no Brasil no começo da década de 1910 e, como milhares de japoneses, foi trabalhar em lavouras de café. Lá, ele percebeu como era difícil colher café e como as mãos ficavam machucadas. Ele abandonou as lavouras, abriu uma oficina de consertos de máquinas na cidade de Pompeia, e nas horas vagas, trabalhava na criação de uma colhedora de café, a primeira do mundo. Ele também foi o criador do pulverizador costal mais vendido no mundo até hoje.