A Embrapa acaba de formatar um amplo projeto de solicitação formal a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a liberação de plantio de Cannabis Sativa com finalidade de pesquisa no Brasil. 

Em entrevista para o Agroamais, a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos Daniela Bittencourt explicou mais sobre a solicitação para o estudo da planta.

Segundo a pesquisadora, apesar do assunto cannabis ser ainda um tabu, a Embrapa está discutindo o tema há anos e tem observado o benefício que os avanços que o uso da folha vem fazendo na saúde das pessoas, os benefícios que o medicamento pode proporcionar pra diferentes doenças neurológicas e o avanço da medicina e das regulamentações.

“Hoje, o Brasil tem estados que autorizam o fornecimento de medicamentos à base de cannabis pelo SUS. Não tem porque, hoje em dia, não tentar desenvolver essa cadeia produtiva aqui no nosso país. Então, além do benefício social em termos de saúde para as pessoas, a gente também pode trazer um benefício econômico enorme com o desenvolvimento dessas cadeias produtivas.”

Daniela explica que o uso da cannabis não é apenas medicinal, que existe também o cânhamo, que é uma variedade da planta, mas com propriedades agronômicas distintas e altamente benéficas para uma série de aplicações industriais, como a indústria têxtil, de desenvolvimento de biocombustíveis e de alimentação, por exemplo.

Benefícios agronômicos

De acordo com a pesquisadora, a cannabis sativa pode trazer muitos benefícios agronômicos. A planta tem capacidade de manter a saúde do solo, de fito remediação, de manter a umidade do solo e de uma enorme fixação de carbono.

Pesquisa

Bittencourt explica que, a princípio, o programa terá duração de 12 anos e que esse prazo é colocado para que a Embrapa possa trazer apoio técnico, embasamento cientifico para tomada de decisões e definições de políticas públicas.

“O que nós propomos é iniciar um trabalho focado no melhoramento genético, na produção em sistemas produtivos voltados para a produção de cannabis medicinal e para produção da cannabis industrial.”

“E tem uma terceira vertente que é justamente a criação de um banco de germoplasma de cannabis dentro da Embrapa, onde a gente tem diversas variedades para diferentes finalidades que serviram de embasamento para todo esse programa de melhoramento genético que nós pretendemos desenvolver”, completa.