Café produzido na Amazônia é destaque na 12ª Semana Internacional do Café

O sabor e a história dos cafés produzidos por cafeicultores da Amazônia chamam a atenção dos participantes da 12º Semana Internacional do Café, realizada entre os dias 20 a 23

Por Agro+

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O sabor e a história dos cafés produzidos por cafeicultores da Amazônia chamam a atenção dos participantes da 12º Semana Internacional do Café, realizada entre os dias 20 a 23 de novembro, em Belo Horizonte (MG). Produtoras e produtores rurais do Acre e do  Amazonas, inspirados por cafeicultores de Rondônia, participam pela primeira vez do evento. Cerca de 70 cafeicultores integram a caravana amazônica, além de técnicos, extensionistas, professores, pesquisadores e comunicadores.

Com notas sensoriais únicas e influência do Terroir Amazônico, os  Robustas Amazônicos surpreendem degustadores, baristas, técnicos, empresários e especialistas, nos dois espaços de degustação e atendimento ao público, montados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com os governos do Acre e Rondônia.

No estande da empresa Três Corações não é diferente. Em um espaço dedicado ao Projeto Tribos, os Robustas Amazônicos produzidos pelos cafeicultores Suruí Paiter, foram servidos pela primeira barista indígena, Celeste Suruí. Uma das atrações  foi o café que obteve nota máxima no 6º Concurso Tribos: produzido pelo cacique Rafael Mopimop Suruí, da Terra Indígena Sete de Setembro (Cacoal, RO). Com 100 pontos na edição de 2024, especialistas avaliaram os parâmetros do Final Robusta Cupping Form, como fragrância, sabor, acidez, equilíbrio, entre outros atributos.

Momento especial

Para a extensionista da Secretaria de Agricultura do Acre (Seagri-AC), Michelma Lima, a participação dos agricultores acreanos na SIC é a realização de um sonho compartilhado entre várias instituições, como Embrapa Acre e Sebrae-AC. “Em 2023, realizamos o  primeiro concurso de qualidade do café no estado do Acre, que  incentivou os cafeicultores a pensar mais em qualidade. Um ano depois já estamos participando de uma das maiores feiras da América Latina. Isso prova o potencial dos cafeicultores acreanos para produzir cafés robustos finos. É um momento muito especial que considero uma virada de chave para a cafeicultura do nosso estado”, afirma.

“Com certeza a gente volta diferente depois de participar de um evento como esse. É uma experiência incrível: as vivências, compartilhar as conexões, poder conhecer outros produtores e  tecnologias de ponta do mundo da cafeicultura”, afirma extrativista Keity Kat, de Brasiléia (AC), que há quatro anos começou a plantar café em três hectares da Reserva Extrativista Chico Mendes e foi uma das classificadas do concurso Florada, da Três Corações. Os produtores rurais do Acre contam com a o apoio do Governo do Acre para participar do evento.

Keity Kat concilia sua atuação como professora com a de produtora rural. “É algo pioneiro, pois a nossa família sempre trabalhou com extrativismo e hoje a gente está tentando agregar a essa atividade a produção de café especial”, conta.

Novos projetos

Também pela primeira vez, a equipe da Embrapa Acre participa do evento e comemora a aprovação de dois novos projetos que contemplam estudos voltados para a seleção de clones de Robustas Amazônicos nas regiões Norte e Cerrado e técnicas para otimização do manejo da cultura cafeeira. Um dos projetos avaliará 25 clones de café com o objetivo de identificar cultivares com alta produtividade, qualidade superior da bebida e boa adaptação às condições de clima e solo da Amazônia e do Cerrado.

A pesquisadora Aureny Lunz explica que a expectativa é lançar novas cultivares de café no mercado, adaptadas às condições locais para diversificar a produção e fortalecer a cafeicultura, além de mitigar  os efeitos das mudanças climáticas nas culturas de café e garantir a sustentabilidade do setor. A iniciativa também prevê a análise da qualidade da bebida que será conduzida pelo pesquisador da Embrapa Rondônia Enrique Alves, com foco em atributos sensoriais e componentes químicos da bebida.

O segundo projeto avaliará os efeitos de diferentes espaçamentos de plantio sob irrigação por gotejamento quanto ao crescimento da planta, a produção e a qualidade da bebida dos cafeeiros Robustas Amazônicos.

“A ideia é encontrar  formas de cultivo mais sustentáveis que reduzam o volume de água na irrigação e garantam maior produtividade dos Robustas Amazônicos na região”, explica o pesquisador da Embrapa Acre, Celso Bergo.

Para o chefe adjunto de Transferência de Tecnologias da Embrapa Acre, Daniel Lambertucci, o destaque dos cafés Robustas Amazônicas na Semana Internacional do Café e a aprovação dos novos projetos de pesquisa demonstram o esforço e comprometimento da rede de incentivo à cadeia da cafeicultura, composta por profissionais de diversas instituições, incluindo a Embrapa.

“São sinais positivos do  trabalho que  desenvolvemos, em parceria com os produtores rurais,  protagonistas dos Robustas Amazônicos que conquistam cada vez apreciadores da bebida,” afirma.

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