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Sobrinha de idoso levado morto a banco é denunciada pelo Ministério Público

Segundo o documento, ela cometeu vilipêndio a cadáver e tentativa de estelionato

Por Pedro DobalJoão Boueri

Erika com o tio, Paulo Roberto Braga
Erika com o tio, Paulo Roberto Braga
Reprodução

O Ministério Público do Rio denunciou a mulher que levou o corpo de um idoso a uma agência bancária na Zona Oeste da capital fluminense pelos crimes de tentativa de estelionato e vilipêndio a cadáver, quando ocorre menosprezo ou ultraje ao cadáver. Nesta quarta-feira (1º), a promotora Débora Martins Moreira também pediu o indeferimento do pedido de revogação da prisão feito pela defesa de Erika de Souza Nunes sob a alegação de que a liberdade da acusada prejudicaria o andamento do processo judicial. Além disso, o MP destacou que o episódio se trata de um crime de gravidade acentuada e que há indícios quanto à autoria e materialidade do crime.

Em depoimento, um casal que viu o idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, sendo levado para uma agência bancária já desacordado afirma que chegou a oferecer ajuda à sobrinha dele, mas ela recusou.  

À Polícia Civil, os dois contaram que Erika de Souza Nunes teve dificuldades para retirar Paulo do carro e colocá-lo em uma cadeira de rodas. Eles dizem que, neste momento, o idoso estava com a boca e os olhos abertos e não apresentava qualquer reação ou movimento.  

Na ocasião, o motorista de aplicativo que levou Erika e Paulo até o local ainda teria alertado que ela não poderia sair sozinha com ele daquela maneira.

Uma das testemunhas, que preferiu não se identificar, conta que a mulher negou qualquer tipo de ajuda e disse que já estava acostumada com aquela situação. Ela, então, teria ajeitado os braços do tio em cima das pernas dele e seguido em direção ao banco.

A testemunha ainda explica que, como eles estavam em um prédio com muitos consultórios, pensaram que Erika levaria Paulo ao médico.

A Polícia Civil também passou a investigar o caso como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No entanto, o Ministério Público não denunciou Érika por esse crime. Para o delegado responsável pela apuração, a atitude da mulher de levar o idoso à agência e não a um hospital diante do estado de saúde da vítima qualifica o crime de homicídio culposo.

O Ministério Público também pediu a intimação de 13 pessoas para deporem sobre o episódio. Entre elas, a gerente da agência bancária onde Érika levou o corpo do tio para sacar o empréstimo, o médico do SAMU que constatou a morte de Paulo Roberto, os policiais militares que foram acionados no dia 16 de abril, do motorista de aplicativo que levou Érika e Paulo ao shopping e a funcionária de um banco onde o empréstimo foi aprovado no dia 25 de março.  

Segundo os investigadores, não há dúvidas de que Erika sabia da morte de Paulo, mas preferiu ir até o banco por ser a última chance de retirar o dinheiro do empréstimo, chegando a simular por vários minutos que ele estava vivo e colocando o familiar em condição humilhante.

No documento da denúncia oferecida pelo Ministério Público, o órgão estadual destaca que Érika, consciente e voluntariamente, vilipendiou o cadáver.  

O inquérito aponta que ela ainda esteve sozinha em uma agência duas semanas antes do episódio, no dia seguinte à liberação do empréstimo, e tentou transferir os 17 mil reais para uma conta em nome dela.  

A família e a defesa de Erika alegam que ela estava sob efeito de medicação controlada e não percebeu que o tio estava morto. Documentos apontam que a mulher foi diagnosticada com depressão, ansiedade e dependência de hipnóticos ou sedativos.